terça-feira, 11 de agosto de 2009

Escutar o professor

Os professores podem ser instigantes e dentre eles, existe aquele que possui inclinações além do ofício do ensino.

São contadores de histórias, artistas, cantores afinadíssimos e exímios equilibristas. Mas vou explicar melhor.

Equilibristas do orçamento familiar que precisam criativamente ter uma outra renda para sobreviver mediante aos parcos salários, estes só podem ser exímios mesmo!

Artistas em seu viver pois precisam criar situações atraentes para manter o aluno ocupado em ações mais úteis e inteligentes a cada dia numa escola que aparentemente é improdutiva.

São cantores inebriantes aos olhos de seus alunos apesar do evidente cansaço pelo mau uso da voz pois muitos só podem contar com ela.

Adoráveis pessoinhas que contam tantas histórias para quem se dispuser a compartilhar. Existem muitos mais muitos professores.

Neste meu ir e vir na escola vejo rostos neste meu pequeno universo subjetivo, onde minha identidade social se reintegra a deles.

Mudanças significativas se fizeram em mim quando adentrei pelo mesmo portão com o olhar ressignificado pela Psicopedagogia e outras tantas leituras que me ajudaram a modificar minha impressão anterior que era bem mais pedagógica.

Mas como compreender este ser singular?

Alguns trazem consigo pensamentos que muitas vezes se encerram em suas listas enormes de queixas.

Outros se revelam e falam como crianças crescidas que se culpam por serem tão alegres, enquanto outros seguem num compasso lento e entristecido.

Observo aqueles que em intervalos ingratos, elaboram projetos e mais projetos com um único intuito: melhorar sua prática.

Esta marcada fortemente não só pela evolução do tempo, mas também pela transitoriedade e imprevistos presentes no cotidiano. Estes são insistentes e nunca se tornarão coisas obedientes.

Há tanta poesia em torno do professor mas que se esconde atrás de toda a responsabilidade que lhe é confiada através do ofício de ensinar.

Alguns são odiados, outros invejados, mas em seu íntimo querem mesmo é respeito e dignidade para exercer sua profissão e uma outra coisa muito importante: querem ser ouvidos!

Trazem dentro de si o desejo de mudar suas vidas e de suas criancinhas subjugados pelo sistema de ensino que nunca foi o ideal.

Subjugados pela lição do farol repleto de crianças vendendo doces, retratos da infância perdida.

Tantos nomes, tantas histórias e desejos de um mundo melhor em que todos são responsáveis, não somente o professor.

Este faz parte de um pequeno espaço do planeta bastante parecido com O pequeno príncipe sem uma raposa* para lhe fazer entender que “só se vê bem com o coração. E o essencial é invisível aos olhos.”

Por isso acredito ser a Psicopedagogia, uma área capaz de empreender jornada e tecer algumas contribuições que atendam a escola neste novo milênio, auxiliando o professor a compreender mais a si mesmo como sujeito desejante e contextualizado, fazendo um bom uso de sua queixa na clínica psicopedagógica, dando-se o direito de encontrar mais raposas amigas* .



* a raposa é um dos diversos personagens do livro O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint – Exuspéry/ editora Agir
eu escevi isto em 2004 faz tempo né mas a vida d agente é assim num vai e vem.

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