sábado, 12 de fevereiro de 2011

Tem sol e não tem parque

Então... voltei a trabalhar apesar de um dos meus talofibulares ter sido prejudicado numa queda do ano passado e por isso, meu blog ficou assim sem escritos sobre meu trabalho.
Segundo Junior(1990) a escola pública é um local de trabalho único e não necessariamente um local de trabalho unitário.
Produz verdadeiras passagens onde a interação do nosso trabalho e vivência junto de nosso alunos momentos de aprender e superar.
Produzimos individual e coletivamente histórias que espero jamais esquecer.
Recuperada estou mas na contramão sofre o nosso parquinho. O parquinho em que muitas criancinhas brincaram nestes muitos anos de EMEI Sérgio Cardoso. O parquinho relembrado em redações saudosas de crianças mais velhas de terceiras séries do primeiro grau, onde também leciono. Para mim o parque é um reduto da infância.Nele damos vida aos sonhos que perecerão se não forem vividos . Por enquanto estamos em trégua e organizando nossas rotinas de modo que nossas crianças continuem desfrutando de aprender brincando.
Mas eu gostaria de relatar que o parque além de ser um espaço rico de produção de sentidos para as transgressões infantis, está fazendo falta para mim.
Explico melhor!
Sobre transgredir, quero dizer que ao subir numa árvore baixa, subir nas grades faz nosso coração pular dentro do peito de professora que cuida da segurança também.
No entanto, não posso deixar de registrar que a criança não sabe o que é transgredir . Ela sabe sim o que representam para ela suas conquistas: - professora olha aqui eu sei subir, sou forte .
Eles apenas mostram as conquistas que os movimentos lhes conferem.
Dão voltinhas, pulam e conferem a força, a distância que tem um lugar do outro.
Eu, uma mortal preocupada com a segurança digo bem rápido : - Desce daí menino!
Tento pensar neste espaço e respeitá-lo como algo livre e rico de exploração, lugar onde meninos e meninas expressam de brincar e testar suas capacidades de aprender algo sobre autonomia.
Andei lendo novamente a Retha De Vries e penso sobre equilíbrio, inclinações e certos efeitos sobre as relações... a interação entre colegas em e por si mesma não garante um ambiente socio-moral que promova a educação infantil e aí é que entra o professor, completo eu.
Agora que tudo está acontecendo , penso sobre o bem estar infantil, posso falar que não é fácil ficar sem estudar as brincadeiras das crianças no parquinho,deixar de apreciar o namoro dos pássaros beija- flores na primavera que moram as vezes em nossas árvores e ficar sem as visitas dos passarinho xereta andarilho que eu não sei o nome até hoje,deixar de calcular o tempo das chuvas para curtir alguns minutos de sonhos de um super herói escondido debaixo do trem. Deixar de lembrar das façanhas de tantos Murilos, Emilys e Rians na balancinhas felizes, achando que a infância será uma poesia do eterno enquanto dure. Eu não gosto de deixar de curtir minhas alegrias de anotações desta vida de criança.
Quando eu escolhi o nome para este blog eu nem tinha pensado que um dia teria sol e não teria parque.
Pois eis que volto e o parque está em reforma e interditado por um tempinho.
As crianças pensam e pensam sobre todas as coisas e dizem suas pensamentações infantis naturalmente: tem parque hoje não? quem tirou os brinquedos? pode ir agora lá? e amanhã dá para ir ?professora Sandra mas por que o homens estão tirando os brinquedos do parque?Vai ter o que lá. Mas a gente não pode brincar lá um pouquinho na areia eu sei que eu aprendi é só molhar para refrescar que nem areia da praia.
Bombardeios em minha mente adulta de professora continuam:- mas por que agora que a gente tinha aula?
Esta foi a pergunta de uma criança que aqui transcrevo em manifesto pois a Retha Davis diz que a vida social é repleta da necessidade de comunicação.Então faço-me porta voz de minhas crianças.
Enfim meu blog suspira a saudade apertada: hoje tem sol e não tem parque mesmo.
Logo logo teremos um parque novo-informei a eles que a reforma será um sucesso.