quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Terminando saiba diga e pense
Se você não disser o que você quer ninguém vai lhe atender
Se você não souber o quer não vai nem poder dizer!
Se você não se der a chance de tentar saber o que quer.
Nunca vai nem saber como poderia ser!
Por isso diga sempre que souber,
Saiba sempre que quiser,
Queira sempre que se der.
Diga! Saiba! Queira!
Pra que eu possa perceber, pra que eu possa ao menos responder
Para que eu possa entender
Para que eu possa lhe atender.
Edgard Scandurra e Arnaldo Antunes
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
domingo, 28 de agosto de 2011
eu não sei desenhar isto professora
Por isso, é muito importante que o professor ofereça formas de trabalhar a observação de certos objetos para que as crianças retirem de si mesmas o peso de não saber desenhar, pois irão incorporar a forma naturalmente.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
livro Macaquinho
sábado, 23 de julho de 2011
O que faz você feliz?
O QUE FAZ VOCÊ FELIZ? Arnaldo Antunes
Comer morango com a mão
Por açúcar no abacate
Brincar com melão, goiaba, romã, jabuticaba
Ou é o gostinho de infância que te faz feliz?
Cuspir sementes de melancia
Falar besteira, ficar sem fazer nada
Plantar bananeira
ou comer banana amassada
A lua, a praia, o mar
A rua, a saia, amar...
Um doce, uma dança, um beijo,
Ou é a goiabada com queijo?
Afinal, o que faz você feliz?
Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde,
Arroz com feijão, matar a saudade...
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz?
Um filme, um dia, uma semana
Um bem, um biquíni, a grama...
Dormir na rede, matar a sede, ler...
Ou viver um romance?
O que faz você feliz?
Um lápis, uma letra, uma conversa boa
Um cafuné, café com leite, rir à toa,
Um pássaro, ser dono do seu nariz...
Ou será um choro que te faz feliz?
A causa, a pausa, o sorvete,
Sentir o vento, esquecer o tempo
O sal, o sol, um som,
O ar, a pessoa ou o lugar?
Afinal, o que faz você feliz?
quinta-feira, 21 de julho de 2011
sábado, 16 de julho de 2011
Grama e Criança
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Um livro sobre os animais
Em nossa escola há um grande acervo de livros e filmes sobre este tema.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
eu amo muito
poesia do scritor angolano Ondjaki
“pequeno espanador de tristezas [a derradeira confissão?]”
há qualquer coisa de lágrima numa celebração minha.
se soubesse aceitar a beleza das lágrimas não tinha que [me] explicar a origem delas e podia sorrir com as bochechas molhadas mais vezes sem as rugas.
às vezes uma celebração minha é uma timidez – um dia tenho que conseguir abandonar isso e elevar-me a lesma, gambozino, helibélula. acreditar no fio que o grilo ata às estrelas lá longe no universo vincado de negrume; emprestar a minha pele numa jangada quase a afundar; afastar nuvens que dançam nas peles do mar; soprar uma madrugada pra ela voltar a mim [ainda gostava de ter uma crise de asma por excesso de nuvens nos pulmões respiratórios].
sem ser só nas palavras vividas em poesia, pra mim a morte devia ser um voo dançado por um papagaio-pipa – eu quero ser a aragem desse voar. se morrer um dia vou celebrar a palavra morte com incensos e música cantada por andorinhas – a morte anda por aí à solta e a vida afinal parece é uma máscara...
«a palavra vida é maior que a palavra morte», disse-me o meu sobrinho tchiene hoje que ainda faltam dezasseis dias pra ele nascer.
quando ele chegar ao mundo vou mostrar-lhe uma garça gaga que encontrei num poema e me passou a gaguez dela. eu passei a gaguez toda pra uma tarde e foi bonito ver a tarde esticar-se porque não sabia bem como pronunciar o definitivo pôr-do-sol. a noite ficou extenuada – à espera de chegar.
há qualquer coisa de adélia na palavra fé. talvez porque ela seja uma mulher de palavras pesadas com tanta leveza e saiba cavalgar medos selvagens. há na obra dela manchas leves de infância – essa varicela foi muito manuseada por luuandino [o que viajava com intimidade pelas ruas de antigamente, passando por tetembuatubia, kinaxixi, makulusu, olhos das crianças, pássaros e peixes]. certa noite, no lubango, vi o joão vêncio pendurado numa estrela; ao pé da casa onde sonhei nesse serão havia uma represa que era doadora de ruídos bons – apadrinhados por sapos gordos. espreitei pela janela fechada e quase cometi o erro de olhar um gambozino nos olhos. fechei os olhos e abri a janela, limitei-me a olhar assim as estrelas brilhantes numa ternura interna que eu lembro pouco de frequentar [no lubango a ternura brota em mim sem cerimónias].
às vezes uma chuva molhada é uma coisa boa para escorregar momentos em direcção a mim. quando uma chuva molhada cai sobre o mundo redondo, as coisas da vida e a vida das coisas encontram-se num quintal vasto. foi sob uma chuva molhada em canduras que encontrei as barbas do meu pai num poema e o sorriso da minha mãe noutro. foi nas entrelinhas dum poema ensopado que encontrei, várias vezes, a autorização interna pra falar a palavra amor [vou tentar não apagar isto: eu tenho certo receio da palavra amor, espero só que ela não me tenha receios também; seria triste].
foi com as mãos sujas de restos de amor que estiquei uma madrugada. quando digo a palavra madrugada também sinto um esticão no coração. se agora abuso muito das madrugadas é porque cada uma delas tem restos de amor que eu sempre vou perdendo. qualquer dia acumulo esses restos todos e faço uma construção de amor [talvez chame uma mulher pra se encostar ao outro lado dessa construção]. a palavra amor pode ser um labirinto com mais de catorze lados avessos. depois de esticar uma madrugada encosto a madrugada na minha pele e espero. a pele gosta de ser esculpida de novo muitas vezes na vida.
se puser um «v» na palavra esticar, poderei estivar uma madrugada. aí elevo-me a estivador de madrugadas e posso pensar num caixote com luar, um caixote com geada, caixotes pesados de estrelas, caixotes de nuvens carregadas de pingos, um caixote hermético com lágrimas, uma caixinha de costura com restos concretos de amor.
as palavras são muito bonitas também porque têm significados cicatrizados nelas – falo a palavra kwanza e sou invadido pelas belezas de um rio e o sol todo a bater-lhe nas peles da água escura que ele tem. o rio transporta o barro e os peixes e nunca ninguém se queixou de cócegas. há qualquer coisa de jangada na palavra rio. liberdade seria abraçar um jacaré sem lhe apetecer provar-me. eu queria fazer festinhas na carcaça antiga de um jacaré mas se ele me fizer festinhas magoa-me. vou olhar o jacaré de longe e o rio de perto – provar as minhas mãos nele. a pele do rio tem mais espelho que a minha e que a do jacaré. o céu e o sol gostam de verter reflexos nas peles paradas do rio kwanza e eu gosto de saber isso com os meus olhos atónitos de humidade. ali onde o mar beija o rio a espuma celebra o evento com pássaros que perseguem peixes. assim a poesia seja salobra ou salgada.
seria bonito ver os mangais depositarem raízes num poema meu – era a minha maior alegria fluvial.
há qualquer coisa de sapiência na palavra tristeza. e algumas tristezas não são de espanar – um dia posso descobrir que elas me fazem falta e ter que ir buscá-las na lixeira da catin ton.
vou encher-me de silêncios e imitar as pedras. adormecer entre as pedras pode ser que me contagie delas. depois de conseguir ser pedra vou exercitar o sorriso dessa pedra que eu for. com esse sorriso vou iniciar uma construção...
uma construção pode bem ser o lado avesso de uma certa tristezura.
texto do autor ONDJAKI
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domingo, 19 de junho de 2011
Kiriku
Kiriku : Breve análise psicopedagogica da construção de identidade
Sandra Dias Simplicio
-Ele é tão pequeno!!!!
Quando temos oportunidade de assistir um filme como Kiriku, percebemos a relação entre a criança, sua família e seu ambiente de Educação.
Kiriku e a feiticeira( Kiriku et la Sorcière) retrata a cultura de um povo num pequeno vilarejo africano que vive sob o domínio de uma feiticeira chamada Karabá.
Karabá possui a “fama “ de comer os homens da aldeia. Isto mesmo! Todos acreditavam que ela os devorava e por isso eles não retornavam para a tribo!
Kiriku é um personagem bastante enigmático, pois dentro da barriga da mãe fala e exige seus direitos: escolhe a hora de nascer, escolhe seu nome e tudo mais que um menino comum não faz. Ele é um mito.
Tais atitudes provocam em nosso íntimo espanto. Mas ao passo que a trama se desenrola nosso espanto se desfaz pois o nosso pequeno herói, trata-se sim de um herói, vai aos poucos construindo seu espaço.
Mas apesar do pequeno herói estar predestinado a ter sucesso, nada será tão fácil assim. Ele precisa resolver os problemas que surgem durante o desenrolar do filme: sua estatura, a falta de água, o desaparecimento dos homens da aldeia, as jóias perdidas, o medo da tribo ,saber porque Karabá era tão malvada, entender porque as pessoas da tribo eram tão contraditórias e o pior dos problemas: fazer com que as pessoas da tribo o ouçam.
E é neste tópico que irei inserir a criança . Ela precisa ser ouvida e nem sempre o adulto está disposto a ouvi-la.
Ela pode ter idéias e a seu modo tenta encontrar respostas para o conhecimento que está construindo.
Este é um filme excelente para despertar nossa reflexão a respeito da necessidade de aprendermos a ouvir o outro, especialmente a criança, a discutir o preconceito velado e para nos iniciar no conhecimento de contos africanos.
Para finalizar uma pequena análise psicopedagógica:
O filme inicia com Kiriku nascendo sozinho. A casa( útero) não lhe servia para mais nada e ele reclama seu nascimento como se já soubesse o próprio destino.
Seu nascimento não é nada natural. Somente alguém tão especial, teria um destino assim, nascer falando e cortar o próprio cordão umbilical. Como se tivesse que correr atras de um tempo perdido, pulando etapas rapidamente, assistimos a evolução cognitiva de Kiriku.
É natural que Kiriku precisava passar por todas as provações para conseguir o respeito da tribo e o direito de merecer o amor e a identidade que somente no final da trama lhe são conferidos. O pequeno personagem não tinha nenhuma credibilidade. Era pequeno!
Quem acreditaria que uma criança tão pequena poderia opinar com esperteza a respeito dos problemas que aparentemente pertencem ao mundo de adultos ?
Preso a condição de criança, precisa seguir passo a passo sua vida como um ritual de respeito a um tempo. O mesmo tempo lhe obriga a ter paciência e astúcia para estruturar- se e desenvolver atitudes para dominar e promover transformações na vida da tribo e consequentemente na sua .
Através das dificuldades, ele passa por vários apuros, ao se defrontar com animais hostis . Ele enfrenta um bicho gigante que sugava toda a água da aldeia. Ele quase morre e então renasce de dentro da água e nós poderemos sentir o ritual da canção da tribo cheia de simbolismo. Parecia que ele não tinha o repseito de ninguém, a não ser de sua mãe.
Enfrenta um gambá debaixo da terra e depois um pássaro disfarçado.
Ao enfrentar o javali, descobre através do tato de criança como este possuía uma audição sensível e assim temporariamente explora o animal até chegar no cupinzeiro. Kiriku amadurece também a partir de cada cena, em suas relações sociais.
O punhal, herança de seu pai, lhe auxilia nas lutas e na travessia mais importante. Tudo isso para falar com o avô, que vive muito longe.
Várias vitórias ele vai conquistando e ao mesmo tempo transformações se concretizam e singelamente são repartidas com o telespectador.
Só assim Kiriku alcança a etapa de amadurecimento e um nível de existência mais aprimorada, chegando a apoderar- se da condição de homem após o desfecho final. Um trabalho de um feitiço positivo de Karabá.
Kiriku passa por um trabalho psicopedagógico e todos são responsáveis pela grande parte deste ciclo: a preciosa mãe,o avô, a comunidade e a própria feiticeira.
Por isso é tão importante exercitarmos nosso olhar na construção vincular.
Para quem já assistiu, relembrar as cenas de diálogo entre alguns personagens, é um bom exercício para nós professores educadores.
Enfim , este é um filme que pode contribuir para o entendimento cognitivo da mente infantil e o desenvolvimento deste até tornar-se um adulto.
Infelizmente nem todas as crianças desenvolvem seu Kiriku interior e passam por muitas situações de desconforto ao lidarem com experiências dolorosas, no sentido de construir seu direito ao espaço de escuta.
Tão logo tecem questionamentos a respeito do que pensam ,são vilipendiados deste direito, e acabam por assumir um padrão vincular negativo com o conhecimento, com a escola e com a própria vida.
Sandra Dias Simplicio, professora titular de Educação Infantil / Psicopedagoga Clínica. Mestre em Psicologia Educacional.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
kiriku
sábado, 23 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
sábado, 2 de abril de 2011
Quando se tem uma mãe de verdade...
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Quer ser professora?
Trabalho com filmes!!!!!!!!!

quinta-feira, 31 de março de 2011
Professora de crianças pequenas
Muitas vezes perguntam-me o que faço numa EMEI.
quarta-feira, 9 de março de 2011
enquanto estamos sem parque
Aprecia a beleza nas pequenas coisas.